A postectomia, ou circuncisão masculina, consiste na remoção do tecido que recobre a glande peniana. Vem sendo realizada por múltiplas sociedades desde a antiguidade, com as primeiras evidências de cirurgia da fimose descritas em tumbas no Egito há mais de 4000 anos antes de Cristo.
Ao nascimento, existe uma fimose infantil fisiológica e inabilidade de exposição da glande por aderências naturais. Durante os primeiros anos de nascimento, há a formação de debris epiteliais (chamado esmegma) que se acumulam debaixo do prepúcio e com o tempo separam-no gradualmente da glande. Levantamentos da literatura médica mostram que até 3 anos 90% das crianças conseguem expor o prepúcio sem intercorrência. Aos 17 anos, cerca de 1% dos homens têm problemas relacionados à fimose em adulto.

Desenvolvimento do prepúcio e sua liberação da glande.
A razão para realizar a cirurgia da fimose vem passando por múltiplas mudanças ao longo dos anos, incluindo tradições culturais, motivos religiosos, melhora da higiene e hoje em dia discute-se muito realizá-la para controle de doenças sexualmente transmissíveis. Por outro lado, a postectomia deve ser indicada quando ocorre a fimose infantil ou fimose em adulto patológica, onde os principais sintomas são infecções do sistema urinário, infecções da região íntima (mais conhecida como balanites) ou traumas durante a relação sexual.

Pênis com fimose.

Graus de fimose: de 1 a 5, com sua gravidade em progressão, sendo o 1 possibilidade de completa exposição da glande e 5 onde nem é possível ver a glande ou a uretra.
Fimose patológica: Como explicado anteriormente, ocorre quando não é possível retrair o prepúcio ou é realizado com muito desconforto. Pode ser adquirida de nascença pelo paciente ou ocorrer por alterações inflamatórias ou traumas locais, resultando em um anel inelástico. Importante ressaltar que um dos fatores frequentes da fimose patológica é a retração forçada do prepúcio, tornando o anel da fimose fibrótico pela cicatrização local.
Balanopostite: Consiste na inflamação da glande e/ou do prepúcio. Pode ocorrer em 4 - 11% dos pacientes com fimose infantil não circuncidados. Causas como infecção, trauma, dermatite de contato ou alergias são as mais citadas.
Parafimose: Consiste no aprisionamento da glande pelo anel de constrição da fimose. A região no entorno do anel fica ingurgitada, com impossibilidade de desfazer a área de retração, causando grande desconforto para o paciente. Existem inúmeras manobras para desfazer a parafimose, como compressão local da área edematosa até ser possível a redução da glande. Sugere-se avaliação médica com urgência para orientação.
Balanite xerótica-obliterante: Conhecida como líquen escleroso, é uma condição infiltrativa do prepúcio, onde ocorre uma intensa inflamação crônica da pele local e inabilidade de expor a glande. O aspecto clínico é bem sugestivo, com um anel rígido, coloração esbranquiçada e edema. Em certas ocasiões, pode acometer a porção da uretra (canal que leva a urina da bexiga para o meio externo) e causar estreitamento dessa região. Apesar de clinicamente ser muito sugestivo, o diagnóstico definitivo só pode ser adquirido com avaliação patológica da pele acometida.
Infecção urinária: Embora mais raro de acontecer, a fimose infantil pode ser um fator de risco para infecção do trato urinário em crianças homens. Isso ocorre pois a dificuldade de expor a glande pode levar a colonização de bactérias na saída do canal urinário masculino. Sendo assim, essas bactérias contaminam a via urinária e levando consequentemente a infecções.
Para o preparo da cirurgia de postectomia, é necessário que o paciente esteja em condições de estabilidade local, como exemplo, sem sinais de infecção ou parafimose. Quando feito sob anestesia geral (indicado para crianças ou adultos que gostariam de ser submetidos a anestesia geral) o jejum deve ser de 8h. Caso seja feito sob anestesia local, o jejum pode ser reduzido.
Existem vários métodos para realizar a cirurgia de fimose, desde o uso de dispositivos que auxiliam na retirada do excesso de prepúcio e que podem variar dependendo da preferência do paciente ou família e condições locais.
Quando o médico cirurgião planeja a cirurgia de fimose infantil, tem-se como opção usar o plastibell ou a técnica cirurgia convencional. A primeira consiste na cirurgia de fimose com anél pós operatório infantil, sendo geralmente utilizados para neonatos ou haste peniana ainda pouco desenvolvida. A segunda é a cirurgia de circuncisão convencional que também é utilizada em adultos, sendo retirada a pele responsável pela fimose e aproximada com sutura cirúrgica utilizando fio absorvível.
Na criança recomenda-se realizar a cirurgia de fimose com anestesia geral e local. A anestesia local é realizada com o bloqueio peniano, que irá ajudar no controle da dor durante o procedimento e nas primeiras 6-12h após.

Anestesia local peniana: onde é aplicada a solução anestésica para completo bloqueio da dor no pós operatório.
No adulto é realizada a postectomia seguindo a técnica convencional, com a retirada do prepúcio e feita a sutura cirúrgica com pontos absorvíveis para cooptar as bordas da pele. A anestesia pode ser combinada com bloqueio peniano associado à anestesia geral, ou apenas local, dependendo da preferência do paciente. A cirurgia de fimose dura em média de 15-30 minutos, com o paciente recebendo alta no mesmo dia. É realizada a aplicação de creme a base de antibiótico sobre a área de sutura que irá ajudar na proteção da ferida e na cicatrização.
Tanto na criança quanto no adulto, no pós cirurgia de fimose o paciente receberá alta hospitalar no mesmo dia, salvo exceções. O curativo fica em média 48h, sendo perdido de forma natural ou retirado pelo paciente. Os pontos da sutura são absorvidos pelo organismo ou caem ao longo da recuperação, com tempo variado num espaço de poucas semanas da postectomia. Orientações quanto ao tempo de afastamento de atividades do trabalho, esforço físico e relação sexual devem ser avaliados caso a caso.
Remédios para dor são prescritos na fase inicial da cirurgia de fimose (geralmente analgésicos simples e anti-inflamatórios, quando não há contra-indicações). Soluções que auxiliam na proteção da cicatriz e na sua recuperação também podem ser aplicadas. Antibióticos podem ser prescritos em pacientes com tendência maior a processos infecciosos. Muito importante lembrar que nem todos os pacientes recebem-no por orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto ao controle de progressão de bactérias multirresistentes.
O índice de complicações na cirurgia de circuncisão é relativamente baixo, dentro de 1-4%. Sangramento é a causa mais preocupante, sendo em sua grande maioria autolimitado, com bom controle com compressão local pós cirurgia da fimose. Menos de 0,5% dos casos precisam de reabordagem. Pacientes com história familiar e pessoal de alterações na coagulação devem realizar a circuncisão masculina apenas em última ocasião por apresentar maior chances de desfechos graves.
Outras complicações mais raras da cirurgia fimose são infecção local, retirada insuficiente da fimose, excesso de remoção de pele, adesões, cistos de inclusão, estreitamento do orifício externo da uretra, retenção urinária e necrose da glande. Sendo assim, ressaltamos sempre realizar o procedimento com profissionais adequados para evitar qualquer evento de maior gravidade.

Postectomia: antes e depois da cirurgia.
Não, ao contrário do que muito se discute, não há comprovações de que a cirurgia de fimose diminui o tamanho do penis. Estudo recente de 2023 publicado na Nature, uma das revistas médicas de maior impacto, fez a análise de 376 homens adultos submetidos à cirurgia da fimose, sendo que não houve diferença significativa de tamanho com a postectomia antes e depois de sua realização. O que pode ocorrer é uma impressão de redução mínima com o penis flácido, pois é retirado o prepúcio que recobre a glande, porém algo que não irá interferir na funcionalidade ou comprimento durante a ereção.
É importante ressaltar que estamos comentando um pós operatório habitual. Existem raros relatos de casos na literatura médica onde a cirurgia de fimose diminui o tamanho do pênis ou causa alterações funcionais por complicações do procedimento que levam a cicatrizes irregulares e adesões com retração.
Nesse mesmo estudo publicado na Nature foram avaliados alguns fatores importantes com relação à função sexual dos pacientes adultos antes e depois da cirurgia da fimose. Foi avaliado o tempo de latência e sensibilidade peniana referida pelo paciente antes e após a postectomia, sendo que não houve mudança significativa. O que pode ocorrer é uma alteração transitória da sensibilidade no pós-operatório pela exposição da glande, porém sem alterações no longo prazo.
A postectomia tem preço e valor variáveis dependendo do material utilizado, do ambiente onde a cirurgia de postectomia será realizada, o tipo de anestesia usado e se o paciente tem acesso a sistema suplementar de saúde.
O Dr Romulo Nunes realiza tratamento em todos os aspectos da urologia, com especialização em um dos principais centros da américa latina e do mundo, sendo a cirurgia de postectomia recorrente em sua prática clínica. Agende uma consulta se apresentar dúvidas quando a fimose infantil, fimose no adulto ou tenha necessidade de realizar a postectomia.
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