A enucleação/retirada endoscópica da próstata a laser, mais conhecida como HoLEP (do inglês, Holmium Laser Enucleation of the Prostate) é um tipo de procedimento para tratamento da hiperplasia prostática benigna. A cirurgia foi desenvolvida na década de 90, ganhando importância no tratamento da hiperplasia prostática por sua condição minimamente invasiva (sem necessidade de cortes), capacidade de retirar a parte interna de próstatas grandes com maior eficiência e melhor recuperação pós operatória.
Apresenta características diferentes da ressecção endoscópica da próstata, onde é realizada múltiplos cortes do interior da próstata até sua porção mais externa (região da cápsula) através de tecnologia com monopolar ou bipolar. Já o cirurgia da próstata HoLEP utiliza um tipo de energia a laser onde a próstata é liberada internamente rente a sua cápsula e todo o conteúdo interno é solto em um único bloco.
O HoLEP é um tipo de técnica cirúrgica que trata a próstata aumentada em pacientes com indicação cirúrgica.
Sintomas comuns relacionados a hiperplasia prostática são:
Estudos recentes comparativamente a outras técnicas endoscópicas para remoção da próstata têm demonstrado que o HoLEP apresenta ganhos como:
Após a indicação e escolha do tratamento da hiperplasia prostática benigna com HoLEP, o paciente é orientado sobre os cuidados pré-operatórios necessários. Apesar de não possuir incisões, o procedimento é realizado em unidade hospitalar sob anestesia geral ou raquianestesia. As duas opções são possíveis e variam dependendo da estrutura do hospital, condições de saúde do paciente e preferência do anestesista em cada caso.
Para se preparar para anestesia é necessário jejum de sólidos e líquidos próximo a 8h antes (salvo exceções dependendo das medições e condições de saúde do paciente). Deve-se informar ao cirurgião a respeito de todas as medicações e suplementos que o paciente faz uso, inclusive atenção a remédios que "afinam o sangue" como AAS, xarelto e marevan, bem como remédios para controle de peso e diabetes, como Semaglutida e seus derivados (Ozempic), hipoglicemiantes orais e insulina.
Alergias atuais e prévias também devem ser informadas, pois podem modificar o material usado para a cirurgia bem como as medicações usadas para a anestesia e para o pós operatório. Caso o paciente apresente problemas de saúde que levem maior cuidado, como histórico de infarto, acidente vascular cerebral, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência cardíaca, dentre outros, deve ser realizado avaliação pré-operatória com o seu médico especialista.
Após dormir, o paciente é posicionado com as costas apoiadas na maca e pernas levantadas. O aparelho endoscópico com a câmera é inserido dentro da uretra onde a imagem é transmitida ao cirurgião por uma tela. O laser de alta potência é introduzido pelo endoscópio e a porção interna da próstata é liberada em todos os pontos. Uma vez liberada, a mesma é alocada dentro da bexiga.
Após a completa liberação da parte interna da próstata, é inserido um aparelho chamado morcelador, que dentro da bexiga irá aspira-lo completamente. Após a sucção completa da prostata, o aparelho endoscópico é retirado e o cateter vesical de demora é colocado. O procedimento cirúrgico dura entre uma a três horas, dependendo do tamanho da próstata e anatomia do paciente.
Após o procedimento, o paciente ficará em observação na recuperação pós-anestésica por poucas horas antes de ir para o quarto. A sonda vesical de demora estará com irrigação vesical contínua para controle de pequeno sangramento e formação de coágulos dentro da bexiga. A sonda é retirada no primeiro dia após a cirurgia, salvo exceções onde a urina coletada encontra-se com sinais de sangue em grande quantidade.
Após a retirada da sonda o paciente pode apresentar ardência, sangramento ou sintomas de urgência que podem durar alguns dias até semanas dependendo de cada paciente. Nesses casos é orientado manter ingesta hídrica abundante e controle dos sintomas com as medicações apropriadas até os sintomas serem normalizados. A incontinência urinária transitória pode ocorrer após o HoLEP, e varia em torno de 5% a 15% dos casos, podendo durar poucas semanas ou até alguns meses. Nesse período, o médico cirurgião irá orientar os exercícios de fisioterapia mais apropriados para a recuperação, bem como a necessidade de forros caso necessário.
Assim como a ressecção endoscópica da próstata, o HoLEP leva a redução ou ausência do volume ejaculatório durante a relação sexual em 75% dos casos (decorrente da ejaculação retrógrada). Importante sempre lembrar que apesar dessa condição, o paciente não apresentará alterações do orgasmo e raramente terá distúrbios de ereção.
Importante ressaltar em avaliar na consulta pós operatória levar ao seu médico o resultado da patologia do aspirado do conteúdo da próstata, pois apesar de muitas vezes os exames pré operatório não serem sugestivos, uma baixa parcela dos casos pode diagnosticar câncer de próstata.
Embora raras, muitas das complicações pertinentes a ressecção endoscópica da próstata também são pertinentes ao HoLEP, como:
A cirurgia da próstata a laser tende a ter uma recuperação rápida. Caminhadas e dirigir automóveis serão permitidas no primeiro dia após a cirurgia. Atividades mais intensas como pegar objetos pesados, corrida, academia, devem ser evitadas nas primeiras 2 semanas. A maioria dos pacientes pode retornar às atividades de trabalho dentro de 7 dias. Importante ressaltar que atividades que levem impacto no períneo como uso de bicicleta e motocicleta, devem ser evitadas de 4 a 6 semanas.
O cirurgião deve ser prontamente informado nos sintomas como febre, dor incapacitante sem melhora com analgesicos, redução súbita do jato urinário, saída de grande quantidade de sangue ou coágulos na urina ou incapacidade de urinar.
1)Aho TF. Holmium laser enucleation of the prostate: a paradigm shift in benign prostatic hyperplasia surgery. Ther Adv Urol. 2013 Oct;5(5):245-53.
2)Piao S, Choo MS, Kim M, Jeon HJ, Oh SJ. Holmium Laser Enucleation of the Prostate is Safe for Patients Above 80 Years: A Prospective Study . Int Neurourol J. 2016 Jun;20(2):143-50.
3)The British Association of Urological Surgeons. Holmium laser enucleation of the prostate (HoLEP).
4)Woo MJ, Ha YS, Lee JN, Kim BS, et al. Comparison of Surgical Outcomes Between Holmium Laser Enucleation and Transurethral Resection of the Prostate in Patients With Detrusor Underactivity. Int Neurourol J. 2017 Mar 24;21(1):46-52.
*Respeitamos a sua privacidade e não enviamos spam.
Cuide da sua saúde com quem é referência em urologia. Entre em contato e agende sua consulta agora mesmo.
Seja a(o) primeira(o) a comentar!