A vasectomia, mais conhecida como a cirurgia para nao ter filho, surgiu em meados do século 19 e acreditava-se em um primeiro momento que a sua realização iria ajudar no tratamento das doenças da próstata, como a hiperplasia prostática, algo que logo foi visto se tratar de um grande equívoco, pois em nada interfere nessas doenças.
Os primeiros documentos com a descrição da vasectomia são datados do início do século 20, mas ganharam muito mais busca e disseminação na população a partir da década de 60 e 70, com incisões menores e aprimoramento de sua técnica.
Anatomia com esclarecimento do trajeto do deferente
De acordo com o instituto nacional de planejamento familiar dos Estados Unidos, um dos maiores centros de dados em um país sobre o assunto, 6 a 13% dos casais acessam a vasectomia como opção de contracepção, sendo realizadas 500 mil a cada ano. No Brasil, houve um aumento em 40% do número de cirurgias de vasectomia ano passado, por conta de alterações na lei nacional as quais facilitaram a liberação do procedimento.
Das cirurgias existentes para não ter filhos há a vasectomia, para os homens, e a ligadura tubária, para as mulheres. Comparando os dois procedimentos, a vasectomia masculina tende a ser menos invasiva que a ligadura tubária na mulher, além de ser mais segura, rápida e possuir melhor recuperação. Em termos de gastos, a vasectomia tem valor e custos hospitalares menores que a ligadura tubária.
A cirurgia de vasectomia consiste na descomunicação dos vasos deferentes (estruturas tubulares que levam os espermatozoides ao canal uretral, que na sequência fará parte do líquido seminal e seguirá ao meio externo). Com o desenvolvimento da técnica da cirurgia de vasectomia, hoje é realizada de forma pouco agressiva, com incisões pequenas e cicatrização que algumas vezes se tornam imperceptiveis.
Recomenda-se uma consulta presencial para se planejar a cirurgia de vasectomia junto ao paciente e sua parceira quando possível, embora não seja obrigatório.
Na consulta deve-se discutir o histórico do paciente e o planejamento familiar futuro, pois a vasectomia é apresentada como cirurgia para não ter filho no homem de maneira definitiva.
O procedimento pode ser feito com anestesia local ou geral, dependendo das condições de saúde, da anatomia local, sensibilidade local ou própria preferência do paciente.
É muito importante ressaltar na consulta que caso o paciente apresente qualquer incerteza sobre sua condição de fertilidade, outros métodos contraceptivos devem ser reforçados ao invés de dar seguimento a cirurgia de vasectomia. Por esse motivo, hoje ainda é preconizado pelos convênios médicos que o paciente assine termo de consentimento específico registrado em cartório e somente após 2 meses da data de assinatura do termo poderá marcar a sua cirurgia.
Deferentes transeccionados
A cirurgia de vasectomia é feita sob condições assépticas, e inicia-se com 1 ou 2 acessos pequenos na região testicular, após o cirurgião palpar os deferentes.
Com o isolamento do vaso deferente é realizada uma técnica tripla para sua desconexão, com a transecção de parte do segmento (aproximadamente 1-2cm é o ideal, de acordo com a literatura), cauterização com eletrocautério dos cotos e ligadura dos cotos com fio cirúrgico. Para finalizar a descomunicação, é realizada a chamada transposição interfacial dos cotos, que visa colocar um tecido entre os cotos dos vasos deferentes seccionados para servir como barreira física.
Identificação manual do deferente
Deferente sendo exposto através de pequena incisão
Pinça utilizada para isolar o vaso deferente - Atenção ao material utilizado é fundamental para o sucesso da cirurgia
Interposição fascial, passo fundamental para separar os cotos do vaso deferente seccionado
Sim, a cirurgia de vasectomia é segura. Com o aprimoramento de sua técnica e acessos cada vez menores e às vezes imperceptíveis, o risco de complicação acaba sendo baixo:
Após a cirurgia de vasectomia, o paciente é orientado a manter repouso absoluto por 2 dias e evitar atividades mais intensas por 7 dias, retomando seu condicionamento aos poucos.
Importante ressaltar que a cirurgia de vasectomia não leva a esterilização masculina imediatamente, pois há ainda espermatozóides no sistema reprodutor, sem contar que, embora extremamente raro, a recanalização precoce dos vasos deferentes pode ocorrer.
Sendo assim, faz-se necessário a realização da análise do espermograma após a cirurgia de vasectomia de 1 a 3 meses depois. É muito importante que o paciente faça uso de outros métodos contraceptivos nesse período, pois o risco de fertilização ainda existe.
Sim, a falha da vasectomia é rara e ocorre em menos de 1% dos casos. Caso seja empregada a técnica cirúrgica com correto tratamento dos cotos, associada a interposição fascial, a chance de falha é ainda menor.
Os motivos para ocorrer a falha da vasectomia podem decorrer da ressecção do mesmo vaso deferente duas vezes, identificação incorreta do vaso deferente, duplicidade do vaso deferente de um mesmo lado e, o que ocorre mais frequentemente, a recanalização precoce. Esta última consiste na re-comunicação das áreas seccionadas do deferente, de tal forma que a via de passagem dos espermatozoides é re-estabelecida.
Por isso a importância de aguardar o novo espermograma para confirmar o sucesso da cirurgia de vasectomia, pois embora muito rara, a vasectomia pode falhar.
Sim. Apesar de ser apresentada como um procedimento definitivo, a reversão de vasectomia existe.
Sua capacidade de sucesso depende de vários fatores, como condições de saúde do paciente e do cônjuge, como a vasectomia foi performada e, principalmente, o tempo em que a vasectomia foi feita, pois quanto mais longe for da data da vasectomia, menor a taxa de sucesso da reversão da vasectomia. Como exemplo, a literatura cita uma taxa de fertilidade em 75% com a reversão sendo feita 3 anos após a vasectomia, porém essas taxas podem chegar a 30% - 40% dentro de 10 a 15 anos após a vasectomia.
Deferente após a vasectomia (lado direito) e do deferente após a reversão da vasectomia (lado esquerdo)
A reversão de vasectomia é um procedimento mais complexo do que a cirurgia de vasectomia. O paciente é submetido a anestesia geral, com duração média de 2 a 3 horas, onde através de uma incisão escrotal, os cotos dos vasos deferentes são dissecados e sua porção viável é identificada.
Após sua correta identificação, é refeita a comunicação dos cotos do vaso deferente através de uma sutura muito delicada, usando o microscópio, pois a parte central do vaso deferente, onde os espermatozoides progride, só podem ser vistas com tal instrumento e devem ser corretamente alinhadas.
A realização do espermograma após o procedimento é fundamental para avaliar o sucesso da reversão de vasectomia.
A vasectomia tem preço variável, dependendo de vários fatores como onde será realizada e o tipo de anestesia. Isso é levado em consideração principalmente na vasectomia particular. Caso o paciente tenha acesso a convênio de saúde, a vasectomia tem valor em parte ou totalmente custeada.
O Dr Romulo Nunes realiza tratamento em todos os aspectos da urologia, sendo a vasectomia muito frequente na prática clínica.
1) Agência Nacional de Segurança do Medicamento e de Produtos de Saúde. Vasectomia. https://www.gov.br/anvisa/pt-br
2) Rogers, M. D., & Kolettis, P. N. (2013). Vasectomy. The Urologic clinics of North America, 40(4), 559–568. https://doi.org/10.1016/j.ucl.2013.07.009
3) Johnson, D., & Sandlow, J. I. (2017). Vasectomy: tips and tricks. Translational andrology and urology, 6(4), 704–709. https://doi.org/10.21037/tau.2017.07.08
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