A Ressecção Endoscópica da Próstata, também conhecida como Raspagem da Próstata, é um procedimento cirúrgico responsável pela retirada da parte interna da glândula. A próstata localiza-se próximo à bexiga e envolve parte da uretra (canal que leva a urina da bexiga ao meio externo). Caso ocorra o Aumento da Próstata, pode ocorrer efeito compressivo sobre a uretra, causando sintomas urinários.
Próstata normal x Próstata com Hiperplasia Benigna
A Raspagem da Próstata ocorre com a inserção de um aparelho através do canal urinário, sem necessidade de incisões no abdome, onde através de uma corrente elétrica é possível "raspar" a porção mais interna glândula, tratando o efeito obstrutivo que a Próstata Inchada causa.
Raspagem da Próstata
A Raspagem da Próstata trata a condição da Próstata Aumentada pela Hiperplasia Benigna.
Sintomas relacionados a Hiperplasia Benigna da Próstata são:
De acordo com o ministério da saúde, cerca de 2 milhões de brasileiros são diagnosticados com Hiperplasia Prostática Benigna a cada ano, sendo que 150 mil a 400 mil destes pacientes realizam tratamentos cirúrgicos para a próstata a cada ano.
Embora a Ressecção Endoscópica da Próstata não necessite de cortes, é necessário realizar o procedimento sob anestesia geral ou raquianestesia. As duas opções são possíveis e variam dependendo da estrutura do hospital, condições de saúde do paciente e preferência do anestesista em cada caso. Para se preparar para anestesia é necessário jejum de sólidos e líquidos próximo a 8h antes (salvo exceções dependendo das medições e condições de saúde do paciente).
É necessário informar ao cirurgião a respeito de todas as medicações e suplementos que o paciente faz uso, inclusive atenção a remédios que "afinam o sangue" como AAS, xarelto e marevan, bem como remédios para controle de peso e diabetes, como Semaglutida e seus derivados (Ozempic), hipoglicemiantes orais, insulina e etc. Alergias atuais e prévias também devem ser informadas, pois podem modificar o material usado para a cirurgia bem como as medicações usadas para a anestesia e para o pós operatório.
Caso o paciente apresente problemas de saúde que levem maior cuidado, como histórico de infarto, acidente vascular cerebral, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência cardíaca, dentre outros, deve ser realizado avaliação pré-operatória com o seu Médico de Prostata especialista.
O procedimento é agendado ao hospital, usualmente demora cerca de 90 minutos e o paciente segue dormindo durante toda a cirurgia, independente da anestesia usada. O profissional irá introduzir o ressectoscópio através da uretra, realizar a avaliação do componente interno da próstata e de toda a bexiga, remover a parte interna da próstata até o nível da cápsula (porção externa).
Após raspar todo o conteúdo interno, realiza-se a cauterização de vasos da cápsula. Ao final, o aparelho é retirado e feita a passagem da sonda vesical de 3 vias, que irá realizar a irrigação vesical e da loja prostática para controle de formação de coágulos no pós operatório.
Após a Ressecção Endoscópica da Próstata o paciente segue para a recuperação pós anestésica por 1 ou 2 horas. Na sequência irá para o quarto ou para leito de UTI caso apresente alguma indicação principalmente para vigilância cardiológica. O tempo de internação médio é de 2 dias, onde será mantida a sonda com a irrigação (entrada de soro fisiológico para limpeza da bexiga e controle de formação de coágulos). Quando a urina coletada estiver clara, a sonda será retirada e o paciente seguirá de alta sem sonda. Em algumas exceções, o paciente pode apresentar novo quadro de retenção e dificuldade miccional, atribuída pelo edema do esfíncter urinário, sendo necessário ir de alta com a sonda por mais alguns poucos dias.
Controle da dor geralmente é feita com analgesico simples (dipirona e paracetamol), anti-inflamatórios (quanto paciente não apresenta contra-indicações) e em raros casos uso de opioides. Antibioticoterapia profilática é indicada no pós operatório precoce e em poucas ocasiões deve ser necessária após a alta (deve ser indicada em casos específicos dependendo do risco de infecção que o paciente apresenta, como medida para evitar a disseminação de bactérias multi-resistentes).
É também muito comum o paciente apresentar intestino mais preso no pós-operatório, com sensação de estufamento, tanto pelo uso das medicações, uso da sonda e imobilização. Sendo assim, medidas para estimular a evacuação como dieta laxativa, medicações e deambulação precoce são sempre reforçadas durante a internação. Medicamentos de uso contínuo que o paciente já usa devem ser reiniciados conforme orientação do cirurgião.
Os benefícios da Ressecção Endoscópica da Próstata incluem:
A incidência de complicações após a Ressecção Endoscópica da Próstata é rara e varia entre 1 - 5% na literatura médica, porém devem ser sempre orientadas ao paciente que será submetido a essa Cirurgia de Próstata. Dentre elas, podemos citar:
Uma alteração mais comumente perceptível é a ejaculação retrógrada, que consiste no orgasmo sem a saída do semem. Isto ocorre pois o conteúdo do semem ao invés de seguir para o meio externo vai para a bexiga decorrente da abertura da loja da próstata. Ocorre entre 60 - 90% das RTUs de próstata, sendo assim o procedimento pouco recomendado para quem tem interesse em ter filhos por via natural ou tem desejo de manter a ejaculação. Cabe ressaltar que esse acontecimento pouco interfere na sensação de orgasmo e muito raramente pode trazer prejuízo à função erétil.
Após a alta hospitalar, o paciente receberá as orientações e receituário conforme individualização de cada caso. De maneira geral orienta-se um tempo de afastamento de suas atividades por 10 a 14 dias. Não é recomendado realizar atividades mais intensas, pegar peso ou ter relação sexual até o médico orientar o contrário. Sintomas como leve desconforto urinário (sensação de ardência), urgência urinária e saída de pequenos coágulos podem ocorrer nas primeiras semanas. Dentro de 4 a 6 semanas o paciente já apresenta recuperação completa.
Importante ressaltar que em alguns poucos casos em que o paciente pode possuir algum comprometimento da função vesical por obstrução crônica (isto é, a bexiga encontra-se "fadigada" e com alterações da sua estrutura por muitos anos de esforço pela obstrução que a próstata ocasionou) é necessário exames adicionais e manejo específico para essa condição caso suspeita.
Sintomas como febre, redução súbita do jato urinário, saída de grande quantidade de sangue ou coágulos na urina ou incapacidade de urinar (retenção) devem ser notificados ao cirurgião para orientação mais apropriada.
O Dr Romulo Nunes é Médico Cirurgião Urologista formado pela USP, possui formação internacional em cirurgia robótica e atualmente é médico assistente do Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP) e atua como corpo clínico nos principais hospitais de São Paulo. Agende sua Consulta para tratar a Hiperplasia Prostática com Médico Especialista em Prostata Aumentada.
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5)Urology Care Foundation. Benign Prostatic Hyperplasia Surgery
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