O Cancer de Prostata tem Cura?

O Câncer de Próstata é o segundo tipo mais comum de câncer entre os homens, ficando atrás apenas do câncer de pele. Dados de instituições internacionais de vigilância da doença estimam que 1 em cada 10 homens será diagnosticado com câncer de próstata ao longo da vida. Apesar de sua grande prevalência, é importante ressaltar que sua apresentação é variável. Dependendo de alguns fatores que serão discutidos a seguir, o Câncer de Próstata pode apresentar um crescimento lento, permanecendo confinado à próstata, ou um crescimento mais agressivo, se expandindo para fora da próstata e gerando metástases.

Localização da Próstata e do Câncer de Próstata

Como saber as características do Câncer de Próstata e sua agressividade?

Diante de um diagnóstico de Câncer de Próstata, o médico urologista realizará uma avaliação completa com exames para definir as características da doença. Os dados utilizados inicialmente, segundo as recomendações internacionais da EAU (European Association of Urology), incluem o toque retal, PSA (Antígeno Prostático Específico) e a patologia da Biópsia de Próstata.

Doença localizada:

• Baixo risco: PSA menor que 10 ng/mL; pontuação de Gleason 6; tumor não palpável ao toque retal ou que acomete menos da metade de um dos lobos da próstata.
• Risco intermediário: PSA entre 10 e 20 ng/mL; pontuação de Gleason 7; tumor que envolve mais da metade de um dos lobos da próstata, sem acometer o outro lobo. Dependendo da patologia da biópsia, pode ser classificado como risco intermediário favorável ou desfavorável.
• Alto risco: PSA maior que 20 ng/mL; pontuação de Gleason superior a 7; tumor que envolve ambos os lobos da próstata.

Doença localmente avançada:

• Alto risco: Qualquer valor de PSA ou pontuação de Gleason, com tumor que se estende para regiões adjacentes à próstata (como a cápsula prostática, vesículas seminais, intestino, etc.) ou com linfonodos apresentando sinais de doença.

Após a avaliação inicial, o médico urologista poderá, se necessário, realizar exames complementares para complementar o estadiamento da doença e definir o melhor tratamento.

Exames complementares:

• Tomografia computadorizada: útil para pacientes com risco intermediário desfavorável e alto risco, para avaliação de metástases.
• Cintilografia óssea: exame direcionado para investigar metástases ósseas, especialmente em pacientes com risco intermediário desfavorável e alto risco, já que os ossos são um dos principais focos de metástase do câncer na próstata.
• PET PSMA: exame promissor que pode identificar lesões fora da próstata, complementando a avaliação dos pacientes com risco alto e intermediário desfavorável.

Quais os tratamentos disponíveis dependendo das características da doença?

Após a avaliação das características da doença e a confirmação de que ela está restrita à próstata ou já há suspeita de metástases, pode-se discutir as seguintes opções de tratamento:

Vigilância ativa

Indicada para casos de Neoplasia Prostática de baixo risco e alguns casos selecionados de risco intermediário favorável. O paciente é monitorado continuamente com PSA, exame de toque retal, ressonância magnética (RNM) e biópsias de próstata, com o objetivo de evitar tratamentos mais agressivos e seus efeitos colaterais. Se houver alteração no padrão do Adenocarcinoma de Próstata durante o acompanhamento, a vigilância ativa deixa de ser uma opção e outras modalidades de tratamento devem ser consideradas.

Radioterapia 

Consiste no uso de ondas de radiação externas à pelve, direcionadas exclusivamente à região da próstata. É uma opção de tratamento para doenças localizadas e localmente avançadas.

Cirurgia de Próstata

A Prostatectomia Radical é um dos tratamentos mais comuns e mais realizados para Neoplasia de Próstata localizada. O procedimento consiste na remoção da próstata, das vesículas seminais, dos tecidos adjacentes acometidos por tumor e, eventualmente, dos linfonodos abdominais. A Cirurgia de Próstata pode ser realizada por via aberta, laparoscópica ou robótica. Está indicada para doenças localizadas e localmente avançadas.

Disposição da sala para cirurgia robótica. Cirurgião no console. Equipe dentro de campo manipulando os braços robóticos

Câncer de Próstata Maligno e Tempo de Vida

Embora seja comum entre os homens, a Neoplasia Maligna da Próstata apresenta uma sobrevida global bastante favorável em comparação a outras neoplasias. Estudos mostram uma sobrevida global na doença localizada em torno de 98% a 99% após cinco anos de tratamento. Já no caso da Neoplasia Prostática com metástases, a sobrevida pode cair para 30% a 35%, variando conforme a agressividade da doença no momento do diagnóstico.

Quanto à sobrevida livre de doença (isto é, a capacidade de não apresentar recidiva), os números são de aproximadamente 80% a 90% na doença estritamente localizada e de 50% a 70% na doença localmente avançada, em um intervalo de acompanhamento de cinco a dez anos. Fatores como o PSA inicial e após o tratamento, a pontuação de Gleason e aspectos cirúrgicos (como margens da próstata após a Prostatectomia Radical, a presença de linfonodos acometidos e dados adicionais da patologia) podem influenciar tanto a sobrevida global quanto a sobrevida específica relacionada ao câncer.

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O Dr Romulo Nunes é Médico Cirurgião-Urologista formado pela USP, possui formação internacional em cirurgia robótica e atualmente é médico assistente do Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP) e atua como corpo clínico nos principais hospitais de São Paulo. Agende sua consulta pra tratamento de Cancer de Prostata ou outros procedimentos em Urologia. 

Referências

1) European urology Association guidelines in prostate cancer

2) INCA

3) American Cancer Society. Prostate Cancer (https://www.cancer.org/cancer/prostate-cancer.html)

4) Centers for Disease Control and Prevention. Who Is at Risk for Prostate Cancer

5) Mayo Clinic prostate cancer